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Rondonópolis
, 30 junho 2024
 
 

O desafio de ajudar a geração a pensar certo

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(*) Prof. Dr. Ademar

O objetivo do texto, neste tempo de eleição municipal, espaço para reflexão sobre o sentido de pensar certo no tempo de hoje. A intenção que mobiliza o texto recai sobre o sonho de pensar políticas públicas que atendem as necessidades do povo, a partir do contexto da vida real na comunidade, para além do espírito do império que fecha na polaridade de pauta de costume, enquanto ação que dilacera a vida humana no espaço da comunidade. O pensar certo aqui está sendo compreendido, como o jeito de pensar o mundo de forma dialógico-dialética aberto ao futuro, na perspectiva da construção coletiva de um novo paradigma de racionalidade humana, pensada pela teoria da educação de Paulo Freire, “capaz de garantir um sentido libertador, humanista, radicalmente democrático e solidário na organização, produção e reprodução da vida em sociedade”, como foca Jaime Zitkoski (2022).

Contudo, o que se percebe no tempo real, é que a arena do espaço da vida social, frente ao dilema da existência, ancora-se na narrativa literária do passado, como antecipação do futuro, de modo peculiar no extrato do velho testamento, com prática política e religião vinculadas ao fundamentalismo, que acentua o conflito e desesperança da geração. Na prática, a palavra que outrora era fonte de verdade, hoje tem servido como mecanismo da arte do disfarce que se apresenta, como suporte ideológico da espiritualidade de prosperidade, que gera a descompensação da massa. E imbricada a essa lógica, vincula-se a figura de político de extrema-direita, como o escolhido de deus, o guardião da pátria, família e propriedade privada, que vai salvar a humanidade do colapso político e moral no mundo da vida.

A formação da geração bifurcada na mobilidade da cultura descartável, que se intercruza no mundo real da religião e da política, o que faz num mesmo movimento, discursar sobre a defesa da vida, mas associa a pauta política que produz a morte social da juventude pela miséria, violência e despolitização. O que significa no espaço no contexto social, vai plasamando a mentalidade a submissão ao espírito do império conectado ao eixo do moralismo destituído da vida humana. O fato real é que na dimensão do autoconceito de si exalta o desejoso de certeza e segurança, para além das possibilidades da relação cotidiana no espaço familiar e da comunidade. Há influência do poder maligno no modo de ser da população.

Contudo, a divisão social é uma realidade histórica, embora a massa assumiu um comportamento da cultura dominante, que aparentemente se apresentava para o coletivo na pacificidade harmônica a mentalidade social hegemônica.

No tempo de hoje, a narrativa da sociedade polarizada, explica-se pelo ângulo político e social, mas são concepções que não navegam no mesmo barco. No ângulo político, é a narrativa da extrema direita que destila ódio. É o modo fascista de ser e dar vida a inversão da realidade social, porque a tônica é ofuscar os fatos reais, como ação opor a cultura da democracia. É a real polarização da armadilha que patrocina a destruição da ordem democrática.

No ângulo da polarização social, além do projeto neoliberal, situa também a questão econômica liberal, focada na propriedade privada e liberação econômica, mas não opõe o estado democrático de direito. Por outro lado, a sociedade dividida, pode ser compreendida, embora no espaço de contradição, pela elevação da consciência de cidadania e soberania popular, que passou agir de forma mais autônoma e na condição de maioria, tornou-se visível outra perspectiva social. A burguesia e a extrema direita, que vêm perdendo espaço e prestígio de valor e dominação, investida pela cultura da maldade, renuncia a escolha da vida para destilar o ódio, a violência e separação social. Uma realidade que precisa ser refletida e compreendia, como arena da luta, por outro mundo possível povoado de humanos irmãos.

Na realidade no mundo complexo, a narrativa da verdade única vertebrada a moralidade abstrata não encontra suporte na vida real. A sociedade capitalista pauta a sua sobrevivência na luta de classe, mas impõe ao imaginário da massa a ideologia da pacificação idealizada, para que a massa não destrua a estrutura injusta de alienação. Aqui encontra o desafio para o justo penar, porque a manobra ideológica, apega a religião abstrata que fetichiza o individualismo, como se a totalidade da sociedade, para ser feliz tivesse que comportar com o valor da dominação, deus, pátria e família sem lastro na civilidade democrática e cuidado atento ao outro como irmão. Porém, é significativo produção da prática da reflexão, para compreensão de que a política da maldade chega um momento que será sufoca pelos fatos da realidade cotidiana, como resultado de sua própria perversidade.

O que temos de real na arena política, econômica e ideológica, o fato de que a “perversidade, revestida do fundamentalismo religioso”, através do poder da maldade que está capturando a mentalidade de muita gente, como estratégia para o chafurdamento no substrato da manipulação pública. Que na circunstância do mundo da vida, existe uma geração que está apropriando da incerteza real do sentido da democracia popular. A questão central é que essa geração precisa de formação que ajuda na tomada de consciência de que pertencemos e somos a mesma nação. Somos um povo em travessia na luta pela construção do mundo justo e fraterno, numa sociedade aberta e livre. Por isso estamos todos a caminho do mundo novo, para o bem-viver digno de todos. Toda nação livre tem uma organização política, cuja a vocação ontológica de seu povo, é pautada pela missão democrática da unidade na diversidade, mediada por direitos e deveres, para que todos tenham compromisso mútuo, com a união e reconstrução do território que habita.

Mas, a esperança que vem à tona, como enfatiza Tarso Genro é “que dos escombros negacionistas podem sair luzes e propósitos de uma vida ecologicamente saudável e socialmente solidária “. O dilema que toma conta da organização social é ordenado de um “novo bloco histórico“, capaz de reconstrução da democracia popular comprometida com a emancipação da sociedade. Portanto, o compromisso da geração é com o resgate da cidadania política em que prevalece na sociedade, a prática da governação democrática.

É tempo de superar a justiça dos hipócritas.

(*) Prof. Dr. Ademar de Lima Carvalho/UFR

 

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1 COMENTÁRIO

  1. Bela reflexão professor Dr. Ademar de Lima Carvalho. Reflexão pertinente ao momento em que estamos vivendo. Precisamos combater o cinismo e a hipocrisia. Parabéns!
    Abraços,
    Aires José Pereira é Prof. Associado II do curso de Geografia e do Mestrado em Gestão e Tecnologia Ambiental; membro da Academia Rondonopolitana de Letras, coautor do Hino Oficial de Rondonópolis e autor de vários livros publicados.

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